A Hora da Ação
“Eu sou um sonhador prático. Meus sonhos não são meramente fantasias
vazias. Eu quero converter meus sonhos em realidade.” Mahatma Gandhi.
1869-1948
Em 28 de agosto de 1963, Marthin Luther King, em Washington, iniciou um
discurso que entraria para a história dos direitos humanos e raciais com as
palavras: “Eu tenho um sonho.” Pois bem, como médico e como cidadão eu
também tenho sonhos em relação à Medicina e a como nós médicos somos
considerados, remunerados e tratados pelo estado, empregadores e operadoras
de planos de saúde.
Confesso que é fácil escrever neste Jornal do Médico, é fácil fazer
passeatas pelas reivindicações médicas, é fácil criticar. O difícil é obter
soluções, pois a maioria delas foge ao nosso âmbito de decisão. Por outro
lado, justifico meus artigos como uma pílula, geralmente mensal, de lhes
levar ânimo e coragem de lutar pelos direitos dos pacientes e dos médicos.
Não posso desperdiçar minha capacidade de escrever e de empolgar meus
colegas médicos. Sei que a maioria de vocês se dedica completamente à
Medicina e a seus pacientes.
Não tenho a mínima vergonha de dizer, em todas as rodas que frequento, que a
Medicina praticada em São José dos Campos é uma das melhores do mundo. Temos
excelentes hospitais, inclusive públicos, como o Hospital Municipal de São
José dos Campos e excelentes médicos. Me orgulho de ser médico em São José
dos Campos. Mas não posso simplesmente parar de lutar por melhores condições
de trabalho, incluindo nisto melhor remuneração.
Me desculpem os colegas e administradores que se sentiram ofendidos quando
comparei os anúncios de acompanhantes publicados no Valeparaibano com os
honorários médicos. Não resisti à comparação, já que uma “rapidinha” era
anunciada por 30 reais, mesmo valor de uma consulta por plano de saúde. Mas
não se preocupem, me retrato! Os anúncios de acompanhantes já trazem novo
valor: Agora é 50 reais! Repercussão do Jornal do Médico, que graças à
Internet é lido em todas as esferas da população. Não aceito 30 reais por
uma “rapidinha” consulta de plano de saúde e penso que nenhum de nós deveria
aceitar pois isto fere todos os princípios da Ética não só médica mas da
Ética da humanidade.
Como já disse aqui, as associações médicas não podem fazer muito mais que
alertar, conscientizar e informar. Escrevi, pessoalmente, uma carta a um
grande plano de saúde reivindicando aumento no valor da consulta de acordo
com as cláusulas contratuais. Disse que o valor recebido era inaceitável
para uma das partes, eu! A resposta veio rápida. Ora, doutor. O que o senhor
não aceita é aceito por doze colegas seus, da mesma especialidade, em São
José dos Campos. Imaginei o que eles pensaram ao ler a minha carta: Ah. Ah.
Ah. O que este cara está pensando? Quem é ele? Se a maioria aceita, porque
ele não? Deve ser um encrenqueiro. Está colocando seus interesses
individuais acima da coletividade. Deve ser de um partido político
extremista. Agitador. Anti-social. Antidemocrático. Deixo a você colega
leitor a análise do fato: quem é culpado por este valor da consulta, o plano
de saúde? Pois é: “ I have a dream.”
Mas surge este ano mais uma perspectiva para as aspirações médicas e é isto
que quero tratar neste artigo. Nós médicos, somos a segunda maior bancada na
Câmara Federal, mas nem sempre os projetos de interesse da categoria são
apreciados. Tenho acompanhado as propostas legislativas para regular nossa
atividade. Fico surpreso com a rapidez com que alguns projetos de alto
interesse da categoria e dos pacientes têm sido resolvidos: Ato Médico;
CBHPM; Médico, carreira de estado; 13º para médicos dos planos de saúde
(leia matéria nesta edição); etc. Coincidentemente é visível em todas estas
iniciativas o papel de um médico, ex-presidente da APM e da AMB, eleito
deputado federal. Este ano é ano de eleição e temos a oportunidade e
obrigação de debater com nossos candidatos sua atuação em defesa da saúde e
dos médicos.
De fato eu como cada um de vocês temos nossos sonhos. Mas apenas sonhar não
resolverá nossos problemas.
Por isto quero repetir o pensamento de Ghandi que ilustrou este artigo: “Eu
sou um sonhador prático. Meus sonhos não são meramente fantasias vazias. Eu
quero converter meus sonhos em realidade.”
Dr. Sérgio dos Passos Ramos, vice-presidente da APM São José dos Campos
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