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  Ser Médico

José  Portes Grigio

     Uma das mais antigas profissões da humanidade, a medicina traz com ela um "glamour", mesmo hoje numa sociedade na qual os valores estão tão relativizados. Os motivos que levam as pessoas a escolherem a mesma profissão do Evangelista Lucas são os mais variados, uns por idealismo, outros para satisfação dos pais e outros simplesmente por status. E engana-se quem acha que a profissão de médico é um meio fácil para enriquecer. 
 Ser médico é, antes de tudo, uma atividade da mais elevada nobreza, pois lida diretamente com a vida. E para ser um bom médico é preciso olhar a pessoa humana por inteiro para que o tratamento seja eficaz. Ao lidarmos com um paciente não há como separar o ser animal, do ser social e do ser espiritual. Exercer a medicina implica, portanto, num envolvimento sem igual com a vida do paciente em sua totalidade, tanto nos aspectos físicos quanto nos mentais, sociais e espirituais.

     O que é o ser humano? O salmo 8 nos responde: Que é o homem mortal para que te lembres dele? E o filho do homem, para que o visites? Pois pouco menor o fizeste do que os anjos, e de glória e de honra o coroaste (cf sl 8,4-5). Diferente das demais criaturas, o ser humano é um ser essencialmente espiritual fazendo uma experiência material. Enquanto seres materiais, somos temporais e enquanto espirituais, somos eternos. Mas para vivermos para a eternidade temos que ter saúde nesta vida, pois "o céu começa em você, aqui (Anselm Grun)".

     Pela própria definição de saúde aprendemos que ser saudável é  ter saúde física, mental e espiritual. Essas dimensões se entrelaçam de tal forma que uma não subsiste sem a outra. O paciente jamais pode ser um meio, ele tem que ser sempre o objetivo final de toda relação médico-paciente. É o seu bem-estar, a sua saúde, e até mesmo a sua vida que está em jogo. Para isso, além de médico, o profissional deve ser também um pouco psicólogo, confessor, conselheiro, pai... amigo.

     A condição primeira para ser um bom e verdadeiro médico é gostar de gente. Se preferimos o isolamento, não gostamos de partilhar nossas vidas ou de trabalhar em equipe, é melhor atuar em outra área, pois senão seremos maus profissionais e a profissão poderá nos fazer mal e nos transformar de profissionais da saúde em doentes da medicina.

     Ela exige amor e dedicação. Muitas vezes, temos que deixar o conforto da nossa casa na hora do descanso para atender a necessidade de alguém que nem mesmo conhecemos. Tantas vezes, passamos horas sem nos alimentar porque a jornada assim exige. Além disso, estamos muito mais expostos a doenças por causa da insalubridade própria da profissão, frequentemente em contato com doentes. Mesmo tomando as devidas precauções, somos considerados grupo de alto risco para doenças infecciosas como gripe, hepatite, Aids, entre outras. Angústias também fazem parte da profissão. Com frequência enfrentamos o peso das limitações inerente a todo ser humano e isso fica ainda mais intenso quando estamos diante de um doente que, apesar de todo empenho, não conseguimos ajudar.

     Enfim, a medicina nada tem de glamurosa. É sim uma das mais nobres profissões. Mais importante do que um bom rendimento financeiro, é o prazer, a saúde e a realização pessoal plena que pode proporcionar. Depende apenas da nossa dedicação e de como a enxergamos e a serviço do que a colocamos. Somos pessoas comuns, com a única diferença de dedicar a nossa própria vida, nos doando sem medida, a fim de zelar pelo bem mais precioso de todo o ser humano: a vida.

José Portes Grigio é cardiologista e membro do Grupo de Médicos Católicos São Lucas, em São José dos Campos

Artigo publicado no Valeparaibano do dia 17/10/2009

 
 
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