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ENTREVISTA

 

Saúde e meio ambiente

 

O Jornal do Médico entrevistou Paulo Roberto Martini,  pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e colunista do jornal ovale sobre a importante relação entre saúde e meio ambiente:

 

Estamos na época das doenças respiratórias agudas, nossos  prontos-socorros estão lotados de crianças com esse problema. Como está o ar em São José dos Campos?

 

Paulo Roberto Martini - O ar de São José segundo relatório da CETESB de 2005 já foi pior. Em 1997, por exemplo, as medidas feitas pelas duas únicas estações de então chegaram a registrar o índice de poluição por fumaça bem próximo dos 150 microgramas por metro cúbico. Este índice é o limiar que uma vez ultrapassado causa doenças cardíacas e pulmonares preocupantes. Os valores foram sendo reduzidos até 2005. Naquela época, entretanto, éramos 530 mil habitantes e havia 170 mil veículos. Hoje o número de veículos praticamente dobrou... Certamente estamos com nosso ar pior hoje do que há 7 anos.  Outros vilões são o SO2, o óxido de nitrogênio, o dióxido de carbono e o ozônio.  Mas o mais preocupante sempre tem sido o monóxido de carbono, principal componente da fumaça.

 

Sabemos que grande parte da água que bebemos vem do Rio Paraíba e é tratada pela Sabesp. Qual a qualidade desta água?

 

Martini - Relatórios apontam que 89% da nossa água e dos nossos esgotos são tratados pela Sabesp em nosso município. Isto o coloca em 18º lugar na lista dos 81 municípios brasileiros com mais de 300 mil habitantes no Brasil. A Sabesp promete que até 2014 teremos 100% da água e esgotos tratados. Creio que o problema da água está melhor resolvido do que aquele do ar.

 

A maioria dos médicos recomenda - e isto tem evidência 1 - exercícios físicos para seus pacientes. Sabemos que é melhor caminhar nos parques que em academias. Que parques sugere em São José dos Campos?

 

Martini - Eu diria até mais: qualquer parque é melhor do que uma academia.  Eu sou um pouco mais arisco: gosto mesmo de caminhar ou correr pelas ruas de São José. Existem trilhas urbanas muito boas por aqui. A Avenida Mário Covas, por exemplo. Mesmo a Lineu de Moura, a Via Oeste e a Possidônio José de Freitas são perfeitas para se esticar as pernas e têm cenários que merecem ser contemplados. O Vicentina Aranha é muito bom, mas vive entulhado de gente. O Parque da Cidade é melhor mas fica um pouco fora de mão para quem se exercita todos os dias. O Santos Dumont é outra boa alternativa, mas às vezes tem pombas demais...

 

O senhor é um defensor das áreas verdes e temos acompanhado seus manifestos nesta área. Falando para médicos, por que a área verde é importante? Efeito estufa é uma realidade?

 

O efeito estufa realmente existe e progride. Mas no passado geológico recente ele sempre foi útil à natureza. Florestas progrediram, agricultura surgiu. Atualmente o efeito estufa é nocivo e perigoso. Por que? Será que é porque os humanos se proliferam por aí? Ao final, talvez, nossos hábitos e costumes estejam comprometendo nossa permanência por aqui. A natureza e o planeta vão seguir por mais alguns milhares/milhões de anos. Na forma como vivemos, sem nós.

 

Médicos, como pesquisadores, aliás, trabalham muito. Temos pouco tempo para exercer a nossa cidadania. Sabemos que o meio ambiente é importante, afinal somos seres biológicos. O que a classe médica em conjunto e os médicos individualmente poderiam fazer para melhorar o meio ambiente?

 

Martini - Criando uma relação mais procedente e profícua com os cidadãos. Os médicos se afastam da classe média porque esta gosta mais de convênios do que do atendimento específico e caro que talvez os médicos mais conceituados procurem oferecer. Parece que os médicos precisam ficar ricos. Não pode existir médico classe média. O médico procura ser “classe médica”. A classe média foi reinventada no Brasil. A medicina ainda não descobriu este filé. Pior, está se afastando dele. Nós pesquisadores pecamos pelo mesmo hábito. Ciência sem cidadania e meio ambiente não é ciência.

 
 
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