Mudam-se os tempos,
mudam-se as vontades, muda-se o ser, muda-se a confiança; todo o mundo é
composto de mudança, tomando sempre novas qualidades.Luis
Vaz de Camões, 1524-1580.
Dentro
da crise que se instala entre médicos e operadoras de saúde, crise esta
causada pelas próprias operadoras que estão há mais de 8 anos sem nenhum
reajuste nas tabelas de honorários, surge uma luz no fundo do poço:
Trabalhar por reembolso. É possível?
Vejamos
um exemplo fora da atividade médica. Você contrata um seguro para seu carro.
Em caso de acidente você pode procurar a oficina “referenciada” pelo seguro
ou a oficina desua escolha.
Quando você procura a “referenciada“ você obtém um monte de vantagens, carro
reserva, diminuição da franquia, autorização imediata do reparo,
acompanhamento on line. Mas, você podeescolhera
oficina. Vai ser um pouco mais difícil,mas
é seu direito.
Na
área de planos de saúde também existe o direito à “livre escolha”.O
cliente não é obrigado a ir ao médico “referenciado” ou “escolha dirigida”,
eufemismo criado pelas operadoras para definirem os médicos que aceitam
trabalhar pelas tabelas. A palavra “credenciado” é evitada cada vez mais,
pois significa vínculo entre a operadora e o profissional. Significa que a
operadora deu credenciais ao médico para atender seus clientes e, portanto,
se responsabiliza pelo atendimento. Aliás, é o que todas elas defendem na
justiça quando processadas por má prática de seus médicos: O médico foi
escolhido pelo paciente... Não temos nada a ver com isso.
Mas
voltemos ao reembolso. Em cidades como São Paulo, Belo Horizonte, Rio de
Janeiro e outras ele já faz parte da atividade médica. Pergunta-se ao
paciente, quanto é o valor de reembolso da sua consulta. 120,00? Feito, eu
lhe cobro este valor, dou recibo e o senhor cobra de sua operadora. 120,00?
De onde surgiu este valor? Pois é ilustre colega. Este é o valor que a
operadora se dispõe a pagar pela consulta quando vende o plano... Mas eu,
“referenciado” só ganho 40,00. Para onde vai a diferença? É preciso dar a
resposta? Veja algumas “pérolas” encontradas na Internet: Plano Medial com
reembolso de 240,00. Consultas da Amil agora tem reembolso. Consultas pela
Unimed Seguradora de 50 a 100 reais (Uniseg). (é esta que nos paga 33,00 no
intercâmbio) Unimed Paulistana reembolso de consultas de 120,00 até 300,00.
Ué, até a Unimed? Sim, porque não. Sendo uma tendência cada vez mais
frequente no maior mercado de planos de saúde do Brasil, a Unimed Paulistana
está oferecendo três planos com direito a reembolso.
E
em São José dos Campos, é possível? Sim, mas falta a cultura do médico e do
usuário em usar esta modalidade legal de atendimento, além é claro da
resistência das operadoras. Vou dar o exemplo de uma operadora que mantém um
grande número de vidas em São José dos Campos. Pois bem. Esta operadora diz
que paga a CBHPM (veja matéria nesta edição) Na verdade paga o valor
antigo de 42,00 para o “referenciado”. Para o não referenciado paga de
120,00 a 240,00. E, acredite, o reembolso é em até 7 dias...(O
“referenciado” recebe entre 40 e 60 dias)
A
possibilidade existe e, em minha opinião, nós todos deveríamos deixar bem
claro para nossos clientes que atendemostodos
os planos de saúde mediante reembolso. Isto vai aguçar o mercado e, sem
dúvida, trazer benefícios aos médicos. Talvez precisemos esperar alguns
dias até a operadora fazer o reembolso, deixar o cheque na gaveta, mas sem
dúvida vale a pena.
Outra
coisa. Quanto mais médicos aderirem a esta modalidade, mais o paciente
procurará estes serviços. Será a verdadeira livre escolha, coisa que a APM
defende desde sua criação em 1930! Portanto não estamos inventando nada de
novo.
Agora
uma pergunta só para você colega: Você tem um carro novo. Bateu. Onde
você leva seu carro?
Sérgio dos Passos Ramos
Vice-presidente da APM São José dos Campos
Associação Paulista de Medicina - São José dos Campos
Avenida São José, 1187 - Cep:12209-621 - São José dos Campos - SP - Tel 12
3922-1079