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ARTIGO

 

Com a palavra o INMETRO

“tudo na vida é muito relativo”

 

A Rosaria levantou indignada. Como faz todos os dias, ao acordar, liga seu rádio de cabeceira durante pelo menos 30 minutos no Programa Pulo do Gato para levantar bem informada. Só muda para a televisão quando já de pé começa a preparar meu café da manhã, o que faz há mais de 40 anos com muita competência.

 

Ao meu bom dia respondeu secamente e já engatou uma pergunta. Os médicos não têm mais o que fazer? E acrescentou: ontem eu fiz uma consulta e o médico que me atendeu nem me examinou e disse que para a dor dos meus joelhos não tem remédio e que eu tenho que me acostumar com ela. Onde já se viu acostumar com dor. Se fosse nele eu queria ver!

 

Aproveitei um pequeno intervalo que a tosse a obrigou a calar-se para fazer uma pergunta: Qual o nome do médico que a tinha atendido? Não sabia, mas se lembrava que era baixo, mais para gordo do que pra magro, e careca. Sinal dos tempos. A maioria dos clientes não sabe nem o nome do médico que os atende. Deve ser vingança por não ter sido minimamente examinada. Mas não é este o cerne da questão. 

 

A zanga da Rosaria era mais com a notícia que o rádio havia dado sobre o tamanho do pênis. Que falta do que fazer! O radialista tinha lido a notícia de que uma pesquisa médica havia estabelecido a relação entre o tamanho do pênis e o tamanho dos dedos da mão. Ela não havia entendido bem qual era o dedo, que se fosse menor que o outro significava que o cidadão era ou não bem dotado, mas tinha certeza que essa tal pesquisa era falta do que fazer.

 

Tanta gente esperando na fila por uma consulta, uma operação, e os médicos preocupados com o bilau de gente, que no mínimo seria discriminada com a tal da pesquisa, se o tal dedo (indicador) fosse do mesmo tamanho ou até maior do que o outro dedo (anelar). Pesquisa abestalhada na opinião dela.

 

Se a moda pega, em vez do homem pedir a mão da moça em casamento, a moça vai pedir pra ver a mão do namorado. Este mundo está de cabeça pra baixo, concluía.

 

Não adiantou minha argumentação de que o pesquisador não é da categoria de médico que atende diretamente o cliente. Pra ela essa história de se preocupar com o tamanho do órgão genital e prá quem não tem o que fazer.

 

Terminei meu café da manhã e como sempre despedi-me com um até logo. Ai ela tirou o sarro: perguntou se eu havia tomado ciência da pesquisa e se ela me fosse desfavorável, o que eu faria? Desconversei, mas ela ainda engasgada com a tal pesquisa sapecou: muita gente não vai tirar as mãos dos bolsos. Respondi, pode ser.

 

 

Dr. José de Castro Coimbra

Médico

20/07/2011

 
 
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