EDITORIAL
Regras claras
Acabei
de chegar de uma viagem pelos EUA e me chamou a atenção que, naquele país,
há regras claras para tudo. Tive oportunidade de verificar diversas delas.
Por exemplo, faixa de virar à direita ou à esquerda no trânsito é
respeitada. Cheguei a ver filas de mais de 1 km. para virar a direita, com a
faixa a esquerda livre. Lá não tem jeitinho, ou seja, se o ”vivão”
for até o final e colocar seta para virar não consegue mesmo. Se for mulher
e colocar a mãozinha para fora então menos chance de conseguir entrar na
fila correta.
Outra
regra que vi foi a da faixa de pedestres. Não há exceção. Pedestre na faixa,
carro para mesmo. Se não parar tem multa pesada ou mesmo pode ser algemado e
levado a um tribunal. Simples.
Mais,
as ruas e calçadas são impecáveis. Não há lixo jogado de maneira alguma.
Quando
se vê uma coisa desta imagina-se que há um grande aparato policial para
fiscalizar o cidadão. Engano! Quem fiscaliza o cidadão é o cidadão! Isto é
cidadania. Todos respeitam e cobram o direito individual e coletivo. As
regras também são estabelecidas pelos cidadãos. Se há dúvidas, fazem-se
plebiscitos. Cada pessoa dá enorme valor a estas regras porque elas nasceram
das suas ideias, da sua liberdade. Isto é democracia, isto é exercer a
cidadania.
Lição
de moral? Não. Apenas uma reflexão sobre o trabalho médico junto às
operadoras de planos de saúde.
O que
os médicos estão exigindo é apenas isto, regras claras! Contratos de
credenciamento, com cláusulas de reajuste anuais e com índices
pré-contratados, regras para credenciamento e descredenciamento, regras de
utilização dos serviços, de glosas. Regras de respeito aos médicos. Afinal,
não há planos de saúde sem médicos, não é mesmo? Regras de respeito aos
pacientes, pois também, sem eles, não haverá operadoras.
Difícil de entender? Então me digam, porque nenhuma operadora quer regras
claras? Nem mesmo as cooperativas?
Desrespeito aos médicos, desrespeito à cidadania, desrespeito à lei e à
autoridade.
Onde
não há regras claras resta a pantanosa arena dos “vivões”. E é nas
águas lodosas e turvas dos pântanos que se encontra a atual regulamentação
das relações entre médicos e operadoras de saúde.
Sérgio dos Passos Ramos,
presidente da APM São José dos Campos
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