EDITORIAL
O Mercado
“O
que não podemos concordar – e estamos concordando – é com o aviltamento
exorbitante a que nossos consultórios estão sendo submetidos.”
Nesta edição do Jornal do
Médico temos um artigo do cardiologista Juliano de Lara Fernandes, diretor
da APM Campinas, publicado originalmente no Correio Popular, único jornal da
cidade, e que teve um sucesso surpreendente ao ser repicado milhares de
vezes através das redes sociais.
Soube dele através do Dr.
Samuel Mandelbaum, ex-presidente desta Casa, que me disse: gostaria de ter
este artigo na minha sala de espera.
O que ele escreve não é para
médicos, é para pacientes, explicando porque a medicina de consultório de
hoje está desagradando tanto.
Em reunião recente da Comissão
Nacional de Saúde Suplementar (Comsu) os líderes do movimento médico foram
surpreendidos com uma proposta que cresce cada vez mais na base: desvincular
o valor de consulta do plano de saúde. Como seria?
O valor da consulta de cada
médico seria fixado por ele e pago diretamente pelo paciente. O valor da
consulta do plano de saúde seria definido pelo plano e colocado à disposição
do beneficiário mediante reembolso. A este, caberia escolher médicos que se
encaixassem nas suas possibilidades. A regulação seria feita pelo mercado,
como aliás, tudo é regulado no Brasil, com a única exceção dos serviços
médicos.
Aí sim haveria a verdade, a
transparência, a honestidade.
Pacientes procurariam planos
que oferecessem mais pelo que realmente precisam, médicos, e pararíamos de
dizer que ele terá helicópteros e cirurgias com robôs, mas que o que pagam
aos médicos é o mínimo.
Pode colocar na sua sala de
espera, Dr. Samuel. Todos deveríamos colocar nas nossas salas de espera a
vergonha nacional do que recebemos dos planos de saúde.
A verdade só faz bem, não é
mesmo?
Sérgio dos Passos Ramos,
presidente da APM São José dos Campos |