Médicos - Estes homens e
mulheres maravilhosos
Lauro M. Pinto e
Sérgio Ramos
No leito, um ser humano teima em morrer. Ao lado
dele uma médica assume o posto de comandante. Sob
suas ordens medicamentos são injetados, exames são
realizados, e quando tudo para, inclusive o coração
do paciente, a última máquina é ligada. Uma corrente
elétrica atravessa aquele corpo e um fio de vida
retorna. Como uma pedra preciosa ainda bruta, voltam
os medicamentos, voltam os tubos, volta a mão da
médica para trazer àquela pedra bruta a beleza da
vida. Mais uma batalha vencida. Hora de descanso?
Não. Enquanto houver vida naquela UTI haverá
trabalho. E o trabalho é conservar a vida.
O que leva estas pessoas a dedicarem suas vidas à
vida dos outros? O que leva esta profissão a ser a
mais procurada nos vestibulares do país? Será
dinheiro? Não parece. Um médico ingressante nas
prefeituras da região ganha em média R$ 1.600. Seria
o sonho da profissão liberal, sem patrão? Também
não. Contam-se nos dedos o numero de médicos no Vale
do Paraíba que só atendem pacientes particulares.
Seria o desejo de trabalhar por conta própria, ter
seu próprio negócio?
Impossível. Hoje quem manda nos consultórios são as
empresas de medicina suplementar. E quem manda nelas
é o governo através das agências reguladoras. É um
absurdo, mas a média das consultas paga no Vale do
Paraíba é de R$ 30 e a maior operadora de saúde da
região paga por uma cesariana apenas R$ 208. Em
levantamento feito pela Associação Paulista de
Medicina este valor é menor que uma escova
progressiva feita nos salões de nossas cidades e
menor que o serviço da equipe de fotos e filmagens
que documenta o parto. A ANS, agência reguladora da
medicina suplementar, fixa os aumentos máximos a
serem pagos pelos clientes, mas em relação à
remuneração do trabalho médico se cala. O resultado
é escorchante: o trabalho médico é um dos únicos
serviços que tem seu valor congelado no Brasil, há
anos.
O que leva então pessoas a serem médicos? Na
faculdade de medicina aprendemos uma coisa que se
chama história natural da doença. O corpo humano
sofre desgastes e sofre ataques. Em função da
gravidade do agente causador da doença e da
resistência do corpo humano traça-se um caminho que
pode levar à lesão, à morte ou a cura com ou sem
seqüelas. Veja que a doença faz parte da vida
humana. Pois bem, é aí que entra o médico e a
medicina. Com sua ciência, com sua habilidade e com
seu carinho, o médico pode mudar a história da
doença, ajudando o organismo a achar o caminho da
cura. Há milênios esta tem sido a nobre missão dos
médicos. Apesar dos pesares esta tem sido a
determinação dos médicos. Talvez isto explique a
intensa procura para esta profissão por parte dos
jovens.
Hoje, 18 de outubro, é dia do médico. Hoje é dia de
festa. Festa que merece ser comemorada. Em São José
dos Campos a medicina é de primeiro mundo. Tanto em
tecnologia como na dedicação de seus médicos e de
todos os que compõem a equipe de saúde. Temos em São
José grandes grupos de hospitais, Santa Casa,
Policlin, Pio XII - Antoninho Rocha Marmo, Grupo São
José e Vivalle. Neles se pratica a melhor medicina
disponível desde cirurgias de grande porte até o
acolhimento carinhoso dos bebês que nascem. Temos
até equipes de transplante preparadas, apenas
aguardando a decisão dos órgãos públicos. Na área
pública, o Hospital Municipal de São José é um
exemplo de excelência. Tem problemas de
superlotação, não pela sua baixa resolutividade, mas
sim pelo mau gerenciamento da rede pública como um
todo.
Hoje é dia de festa para médicos e médicas. E
principalmente para a população de São José: vocês
têm um dos melhores sistemas de saúde do Brasil e do
mundo. Parabéns.
Lauro
Mascarenhas Pinto é presidente Sérgio dos Passos
Ramos é diretor da Associação Paulista de Medicina - São José dos Campos