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09/03/2021

Artigo: O aprendizado da pandemia

Por João Manuel Maio

As palavras Pandemia e Pandemônio, provêm, ambas, do grego antigo, sendo a primeira derivada da junção de “pan” (tudo) mais “demos” (povo), ou seja, algo que atinge todos os povos, o mundo todo.

Já a segunda deriva de “pan” mais “daimon” (demônio). Pandemonium era o palácio em que se reuniam os demônios sob a presidência de Satã. Hoje é sinônimo de “bagunça, caos, desordem”, que é exatamente o que vivemos no Brasil em 2020: uma pandemia agravada pelo pandemônio econômico, social, político, ambiental e cultural.

Entretanto, como toda crise traz em si oportunidades para evoluir e crescer, tanto em nível individual, quanto coletivo, a pandemia mudou a rotina de todos. Novos hábitos precisaram ser adquiridos, muitas coisas se perderam, mas foi possível também descobrir ou mesmo redescobrir o novo, e buscar o lado bom das coisas, como por exemplo a importância da esperança, da fé, e de um olhar otimista para superar os momentos difíceis.

O isolamento social forçou as pessoas a olharem para dentro de si mesmas, a ter que lidar com a própria companhia e se perceber enquanto indivíduo. Por mais prazeroso que seja estar acompanhado, ter momentos a sós é fundamental para se conhecer, se compreender, ter novas ideias e desenvolver uma boa relação consigo mesmo e assim melhorar as relações interpessoais, pois quem entende melhor a si mesmo também entende os outros, quem ama a si mesmo pode amar o outro ainda mais.

Talvez o aprendizado mais importante dessa pandemia tenha sido repensar o papel dos familiares em nossas vidas e fortalecer os laços, já que a rotina costuma nos roubar a atenção de coisas essenciais com as quais já estamos “acostumados” e às quais esquecemos de dar o devido valor.

Não raro, pais e filhos pouco interagem no dia a dia, já que os adultos vão para o trabalho e sempre têm seus compromissos, enquanto crianças e jovens passam boa parte do dia na escola e em casa vão brincar ou assistir televisão, por exemplo.

Os pais sentiam-se seguros em saber que a escola supriria muitas das necessidades de seus filhos e muitas vezes não participavam com tanta frequência do processo educativo. Com isso, os laços familiares acabavam não sendo fortalecidos, pois cada um estava mais focado em seus próprios interesses e, por falta de tempo ou cansaço, deixavam de lado a relação com
a própria família.

O isolamento social fez com que boa parte da sociedade permanecesse em casa e, consequentemente, passasse mais tempo com os familiares, aproximando pessoas que só dividiam o mesmo espaço, trazendo assim uma reflexão sobre a importância da família em nossas vidas.

Resumindo, Nós, seres humanos, que nos achávamos poderosos e donos do planeta, percebemos nossa fragilidade face a um inimigo microscópico,
mas a união no distanciamento, a solidariedade entre os desiguais e a ciência empunhada como espada salvadora mostraram que nenhum de nós
é tão bom quanto todos nós juntos!

João Manuel Maio é especialista em clínica médica e homeopatia e diretor Social da APM SJCampos

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